O problema
Portugal apresenta uma taxa de prevalência da Perturbação Obsessivo-Compulsiva (POC) consideravelmente elevada em comparação com outras nações. Estima-se que 1 em cada 20 portugueses seja afetado por POC, contrastando com a média de 1 em 100 nos Estados Unidos, onde a condição é mais reconhecida. Isto representa aproximadamente 540 mil indivíduos, equivalente à população total do Município de Lisboa.[1][2]
Dentre estes, uma parcela significativa desconhece estar acometida pela condição. Em média, aqueles com POC consultam entre três a quatro terapeutas e podem demorar até 12 anos para obter um diagnóstico preciso.[3][4] Além disso, estudos indicam que os pacientes com POC podem esperar cerca de dois anos até receberem o tratamento adequado.[4] Consequentemente, muitos vivem sem o conhecimento da sua condição ou recebem cuidados subóptimos.
A problemática estende-se à insuficiência de apoio especializado; apesar de a maioria dos psicólogos e psiquiatras estarem familiarizados com a POC, poucos possuem conhecimento aprofundado sobre as práticas de tratamento mais eficazes a nível internacional, e ainda menos são especializados nesta condição específica.
A realidade económica do país sugere que nem todos os pacientes ou suas famílias têm capacidade financeira para arcar com os custos dos tratamentos. Isto é particularmente crítico em casos graves que necessitam de internamento ou de intervenções como Estimulação Cerebral Profunda e Estimulação Magnética Transcraniana, frequentemente não cobertas integralmente por seguros de saúde.

A Solução: Fundação de uma Nova Associação
O nosso propósito é maximizar o suporte e a disseminação de informações sobre a POC, tanto para pacientes como para terapeutas. Pretendemos estabelecer um centro de apoio que facilite a integração dos diferentes métodos de tratamento reconhecidos, visando melhorar a qualidade de vida dos afetados. Reconhecendo que a POC não discrimina por classe social, raça ou credo, é essencial oferecer um suporte abrangente a nível nacional desde o início.
[1] - Caldas De Almeida JM, Xavier M. Estudo epidemiológico nacional de Saúde Mental 1º Relatório. Lisboa: Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa; 2013.
[2] - Ruscio AM, Stein DJ, Chiu WT, Kessler RC. “The epidemiology of obsessive-compulsive disorder in the National Comorbidity Survey Replication.” Molecular Psychiatry. 2008 Aug 26.
[3] - University of Florida, College of Medicine, Department of Psychiatry: OCD a fact sheet
[4] - Sina Ziegler, Klara Bednasch, Sabrina Baldofski & Christine Rummel-Kluge, Long durations from symptom onset to diagnosis and from diagnosis to treatment in obsessive-compulsive disorder: A retrospective self-report study. PLoS One. 2021 Dec 13